Opinião: "Está Tudo Bem" de Cecilia Rabess

Por vezes perguntam-me porque leio dois livros ao mesmo tempo. Bem, esta é uma das razões. Li este livro "Está Tudo Bem" intercalando a sua leitura com "A Contadora de Histórias de Auschwitz". Já não consigo mergulhar exclusivamente num livro com um tema tão pesado como este último. Tenho de ter algo para intervalar e aligeirar o meu coração.

E por isso, esta leitura foi mais do que perfeita. Mas entretanto, atentem ao que vos digo: Título, capa e mote, remetem para uma história  romântica e ligeira, certo? E eu realmente deparei-me com uma história romântica, mas muito para lá de ligeira. Aliás, bem controversa e complicada, com muita economia e política à mistura. Conseguiu por isso facilmente atingir o seu propósito, afastar a minha mente do outro livro que lia em simultâneo. E para além de me distrair, também me fez aprender imenso, sobre imensas coisas. E divertiu-me.

Mas o que parece o livro atingiu a polémica ao ser publicado nos EUA, visto que as duas figuras centrais da história se encontravam em campos completamente opostos no que à política diz respeito. Ela é uma miúda gira, afroamericana, que acredita em Obama. Já ele é um republicano ultra conservador, que dá o seu apoio a Donald Trump sem perceber o que isso tem de errado.

É na verdade uma crítica velada a uma sociedade que se deixa levar pelo populismo e não consegue ver para além do que certas forças políticas nos querem apresentar. Tão bem a propósito destas nossas eleições do passado Domingo, não concordam?

Enfim, voltando a Cecilia Rabess e ao seu livro de estreia... É daqueles livros que ou se ama ou se odeia. Não acredito que existam meios-termos. Jess é uma rapariga que luta com a sua própria identificação, Josh é um rapaz que acha que está sempre do lado da razão. Mas, quando assim é, onde fica o amor? Há esperança quando existe tanto antagonismo numa relação? Têm de ler, para o descobrir.

Quanto a mim, acho que este é capaz de ser um dos livros mais inteligentes e surpreendentes que já li!
Recomendo!

Em destaque: "Quando as Montanhas Cantam" de Nguyen Phan Qué Mai

Um país em guerra. Uma família dividida. 
Uma história de coragem e esperança.

Sinopse:

Vietname, 1972. Do seu refúgio nas montanhas, a pequena Hương, e a sua avó observam Hanói a arder sob o fogo dos bombardeiros americanos. Até àquele momento a guerra tinha sido apenas uma sombra que afastara a família e dilacerava o país. Agora, entrava de forma brutal nas suas vidas. 

Quando regressam à cidade, descobrem a sua casa completamente destruída e decidem reerguê-la, tijolo a tijolo. Para animar a neta, Diệu Lan começa a contar a história da sua vida: desde os anos nas terras da família durante a ocupação francesa, as invasões japonesas e a chegada dos comunistas; da sua fuga desesperada para Hanói, sem comida nem dinheiro, e a dura decisão de deixar os filhos pelo caminho, na esperança de que, mais tarde ou mais cedo, se reencontrassem. 

O tempo passa e quando finalmente terminam a reconstrução da casa, a guerra já terminou. Os veteranos estão a regressar da linha da frente e Hương pode finalmente voltar a abraçar a mãe, que está uma mulher muito diferente daquilo que ela se lembrava. A guerra roubou-lhe a esperança e as palavras; e caberá a Hương dar-lhe voz e ajudá-la na dura tarefa de se libertar do fardo amargo de todos os segredos... 

«UMA HISTÓRIA ARREBATADORA. UMA BRILHANTE E GENEROSA CARTA DE AMOR AO VIETNAME QUE VAI ENCANTAR TODOS OS LEITORES!» Publishers Weekly 

UMA SAGA FAMILIAR LUMINOSA QUE ATRAVESSA
UM SÉCULO DE HISTÓRIA DO VIETNAME

Sobre a autora:
Nguyen Phan Qué Mai nasceu em 1973 numa pequena aldeia no norte do Vietname, Nguyen Phan Qué Mai viveu a devastação da guerra desde muito cedo. Trabalhou como vendedora ambulante e agricultora de arroz antes de ganhar uma bolsa de estudos para estudar numa universidade na Austrália. 
Autora e poetisa aclamada, ganhou alguns dos mais prestigiados prémios literários do Vietname. É autora de vários livros de ficção e não-ficção, e o seu trabalho foi traduzido e publicado em diversos países. 
Ganhou inúmeros prémios, incluindo o PEN Oakland/Josephine Miles Literary Award e foi finalista do Dayton Literary Peace Prize. 
Quando as Montanhas Cantam tornou-se rapidamente um bestseller e está a ser traduzido em todo o mundo.

Opinião: "Ratos e Homens" de John Steinbeck

Mais um Prémio Nobel da Literatura, desta vez recomendado por uma querida amiga literária. 

John Steinbeck nasceu numa família pobre em Salinas na Califórnia. Chegou a frequentar a universidade, mas sem concluir nenhuma licenciatura. Para custear os estudos, começou a trabalhar num jornal. Em breve vasculhava a cidade de Nova Iorque à procura de um editor para os seus livros ainda não escritos.

O seu primeiro livro surgiu em 1929, mas foi só em 1935 que se afirmou como autor de prestígio com o livro Tortilla Flat (O Milagre de São Francisco). No entanto, os seus grandes êxitos só foram escritos nos anos seguintes:

- Batalha Incerta (1936)
- Ratos e Homens (1937)
- As Vinhas da Ira (1939)

Steinbeck teve 17 das suas obras adaptadas ao grande écran. Entre elas A Leste do ParaísoAs Vinhas da Ira e até o livro de que hoje vos falo, Ratos e Homens. Este último teve diversas adaptações ao cinema e à televisão, sendo que de todas destaco a de 1992, que conta com John Malkovitch e Gary Sinise nos papéis principais. Chegou a ser nomeado para o Óscar de Melhor Argumento Original com Um Barco e Nove Destinos, mas não ganhou.

Ganhou sim o Prémio Nobel da Literatura em 1962, e a sua obra está marcada por uma grande preocupação com os problemas dos trabalhadores rurais e por um grande fascínio pela terra.

Sobre o livro Ratos e Homens tenho a dizer que é um livro pequenino, com uma história quase banal mas impressionante. Fala sobre dois homens, trabalhadores rurais tarefeiros, que andam pela Califórnia durante a Grande Depressão (1929-1939) em busca de trabalho. Logo desde o início percebemos o quão estranho é aquele par: Lennie é um gigante com a mentalidade de uma criança, que não mede a sua força, nem tem noção de que as coisas que diz podem ser mal interpretadas; George, pelo contrário, é pequeno e esperto. Toma conta de Lennie há já alguns anos, porque se sente na obrigação de o proteger. Ambos sonham com o dia em que poderão comprar um bocado de terra e torná-la a sua casa, não dependendo de mais ninguém para sobreviver. Lennie só pensa nos coelhinhos e gatinhos que poderá ter.

Continuando a leitura, os acontecimentos sucedem-se rapidamente, e o leitor é levado num corrupio, que apesar de saber como termina, não deixa de ler. Inicialmente o livro teria o título de "O que aconteceu", mas mais tarde foi alterado. A verdade é que a tragédia que se desenrola ao longo das suas páginas foi apenas algo que aconteceu, não sendo realmente culpa de ninguém, mas não deixando de ser uma tragédia.

Confesso que, se inicialmente a história não me conquistou, depois de o ler não deixei de pensar nela, ao ponto de falar sobre a mesma com várias pessoas. Será esse um dos dons de um laureado Nobel? É mesmo um livro interessante, que suscita discussão e análise sobre os seres humanos. Uma opção excelente para um clube de leitura! E é sem dúvida uma leitura que recomendo.

Podem ler a sinopse e até comprar o livro físico ou em ebook na Bertrand Livreiros » aqui.

Em destaque: "A Biblioteca - uma segunda casa" de Manuel Carvalho Coutinho

Sinopse:

Quem lê quer ler. Mas como fazê-lo, sem poder de compra ou a possibilidade de contacto directo com o livro? Em Portugal, 303 Bibliotecas Municipais, integradas numa rede nacional criada em 1987, procuram cumprir o desígnio estatal de promoção da leitura junto de todos, das crianças aos idosos, de forma aberta e inclusiva.

Este livro retrata 21 destas bibliotecas, no continente e nas ilhas, reproduz de forma vívida a experiência de observação do seu funcionamento quotidiano e os testemunhos de bibliotecários, técnicos e leitores. São projetos muito diversificados, em constante movimento e crescimento, mas são sobretudo espaços feitos para nós e que existem como extensões de nós. Há quem Ihes chame de segundas casas.

Sabia que...?

Existem atualmente 303 Bibliotecas Municipais em Portugal? Atualmente apenas cinco municípios em Portugal não possuem uma Biblioteca Municipal. São eles: Aljezur, Marvão, Terras de Bouro, Vila Viçosa e Calheta. A solução encontrada para estes municípios será, por enquanto, as Bibliotecas Itinerantes (uma Biblioteca móvel inserida num veículo devidamente equipado para colocar documentos à disposição dos seus utilizadores).

Sobre o autor:

Manuel Carvalho Coutinho é investigador e Professor, nasceu em Lisboa em 1990 e licenciou-se em Filosofia. Enquanto Professor de Filosofia no Ensino Secundário decidiu estudar Jornalismo, tendo depois concluído o Mestrado e o Doutoramento em Ciências da Comunicação. Trabalhou na Comissão Europeia, em Bruxelas, e foi bolseiro de investigação da Universidade Nova de Lisboa. Atualmente é investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa.

Em destaque: "Os Moedeiros Falsos" de André Gide

Sinopse:
Um grupo de jovens com ambições literárias aproxima-se do conde de Passavant, homem de letras vulgar e de moral duvidosa que deseja manter sob a sua influência talentos promissores como Bernard e Olivier. Estas e outras personagens são referidas no diário íntimo de Édouard, velho conhecido de Passavant e tio de Olivier, por quem este nutre uma admiração que se converte em ligação amorosa. Édouard procura reunir material para um romance, Os Moedeiros Falsos, título alegórico e moral que acaba por tornar-se estranhamente adequado quando o escritor descobre o envolvimento dos seus amigos com um bando de adolescentes encarregados de distribuir dinheiro falso.

Exprimindo uma visão sem preconceitos da homossexualidade e denunciando a hipocrisia e a decadência da alta sociedade francesa do princípio do século xx, Os Moedeiros Falsos, uma das obras capitais de André Gide e a única a que deu o nome de romance, antecipa algumas das tendências fundamentais da narrativa contemporânea.

Críticas:

«Gide era um grande romancista da nossa época... Os Moedeiros Falsos é um dos melhores livros que tenho lido. E tudo isto porque Gide sabia escrever, porque o seu espírito sabia explorar... Pensava o que queria e dava forma às suas curiosidades.» John Steinbeck

«Interpretar os dilemas sociais nos termos mais pessoais. Foi, acima de tudo, isso que tornou Gide tão representativo. E, no entanto, Gide não o teria alcançado sem o talento que é tão importante entre os franceses: se não tivesse sido um extraordinário virtuoso da prosa, se não possuísse um estilo único, capaz de todas as nuances e tão persuasivo que o fez triunfar sobre os mais diversos temas.»
Thomas Mann

Sobre o autor:
PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 1947

André Gide
(1869-1951) é um dos escritores franceses mais importantes do século XX. Nascido no seio de uma família francesa protestante, Gide cresceu e foi educado sobretudo na Normandia, num grande isolamento social. Desde cedo começou a escrever, tendo publicado o seu primeiro romance em 1891.
Numa viagem ao Norte de África, foi surpreendido por um mundo de liberdade que, dada a sua educação, nunca antes imaginara, acabando por admitir a sua atração pelos corpos saudáveis de rapazes jovens.
Gide travou conhecimento com Oscar Wilde em Paris, em 1895. O autor de O Retrato de Dorian Gray julgou que lhe tinha revelado a sua homossexualidade, mas a avaliar pelos diários do escritor francês sabemos que nessa altura já tinha plena consciência da sua condição. O drama de Gide era, pois, a conciliação entre a sua rigorosa educação protestante com uma liberdade que sentia necessária para assumir a sua sexualidade.
Apesar de ser casado, Gide envolveu-se com um jovem e ambos fugiram para Inglaterra, o que lhe trouxe críticas tanto da França católica, como da França protestante. E se é certo que a sua obra é admirada e tem uma clara influência na formação de jovens escritores como Camus ou Sartre, sempre que Gide abordou a sua orientação sexual, a crítica com afinidades católicas e protestantes não lhe deu tréguas.
Como tradutor, introduziu as obras de Joseph Conrad em França. A sua atividade de crítico e escritor foi contínua, mas acrescentou-lhe uma vertente de defesa dos Direitos Humanos da qual é pioneiro. Por um breve período foi simpatizante dos ideais comunistas, mas, convidado a visitar e a discursar na União Soviética, regressou desiludido com a censura dos seus discursos e o estado geral da cultura no país.
Em 1939 tornou-se o primeiro escritor vivo a ser incluído na famosa coleção Bibliothèque de La Pléiade. Em 1947, recebeu o Nobel de Literatura.
Morreu em 1951. Um ano depois, a Igreja Católica Romana colocou as suas obras no Index Prohibitorum.
A ficção de Gide e os seus escritos autobiográficos estão traduzidos em mais de 40 línguas e o autor é hoje reconhecido não apenas pelo seu génio literário, mas também como uma das primeiras personalidades a assumirem a sua homossexualidade, discutindo abertamente a sua posição com a moralidade vigente.

Em destaque: "As Mulheres" de Kristin Hannah

Inspiradas pela coragem. Ligadas pela amizade. Unidas na esperança.


Sinopse:
Um retrato íntimo de uma mulher num jogo de perigos e, ao mesmo tempo, o épico de uma nação dividida pela guerra e fraturada pela política ¿ uma geração que se fez do sonho de um mundo melhor e que se perdeu no campo de batalha. As mulheres também podem ser heroínas. Quando a estudante de Enfermagem de vinte anos Frances «Frankie» McGrath ouve estas inesperadas palavras, tudo muda.

Criada num cenário idílico da costa da Califórnia e protegida pelos pais conservadores, sempre se orgulhou de fazer as escolhas certas, ser uma boa rapariga. Mas em 1965 o mundo está a mudar, e também ela imagina escolhas diferentes para si. Quando o seu irmão é destacado para a Guerra do Vietname, Frankie alista-se também no Corpo de Enfermagem do Exército norte-americano. Tão inexperiente como os homens enviados para combate do outro lado do mundo, Frankie sente-se esmagada pelo caos, pelo sofrimento e pela destruição provocados pela guerra, e pelos sentimentos inesperados que a invadem no regresso a uma América diferente e dividida.

As Mulheres conta a história de uma mulher que viu a guerra, mas desvenda igualmente a história de todas as mulheres que enfrentam o perigo para ajudar os outros. Mulheres cujo sacrifício e compromisso é, muitas vezes, esquecido. Este é um romance fulgurante e belíssimo, uma narrativa profundamente emotiva com uma heroína memorável, cujo idealismo e coragem extraordinários definiram uma geração.

Sobre a autora:
Kristin Hannah é a autora multipremiada e bestseller de mais de vinte romances, muitos dos quais publicados já pela Bertrand Editora, de que destacamos As Inseparáveis (Firefly Lane, a série inspirada no romance, está disponível em streaming na Netflix desde fevereiro), A Grande Solidão e o clássico moderno O Rouxinol (editado em 43 línguas e cuja adaptação cinematográfica, protagonizada por Dakota e Elle Fanning, tem estreia prevista para o Natal de 2022). Este último romance, aliás, foi eleito livro do ano (2015) pela Amazon, Buzzfeed, iTunes, Library Journal, Paste, The Wall Street Journal e The Week, vencendo também o Goodreads Choice Awards. Hannah, que começou por exercer advocacia antes de se dedicar à escrita, vive com o marido no noroeste dos Estados Unidos. www.kristinhannah.com

Opinião: "Mais cedo Secará a Terra" de Fernando J. Múñez

Se existem livros com histórias quase, quase perfeitas, este é um deles. A sede de poder e o amor à terra, vem colocar duas famílias em desavença. Com algumas histórias de amor de permeio, e um conjunto de personagens inesquecíveis, esta leitura levou-me a recordar algumas das séries que víamos quando só havia dois canais: Dallas, Falcon Crest, Dinastia, etc. 

Adorei esta leitura. A história é envolvente, o drama faz-nos tremer, e o ambiente é magnífico. 

Todas as personagens estão muito bem trabalhadas, e parece-me que esse é um dos grandes trunfos do autor. Pequenos pormenores que justificam esta ou aquela maneira de ser ou forma de agir. As mulheres são as grandes protagonistas. Elas não se limitam a ficar à sombra dos homens. Elas lutam como eles, elas tomam decisões sobre as suas vidas e as dos outros, elas governam as suas casas, não deixando de estar do lado dos seus companheiros quando estes o necessitam. Mas sem dúvida que a Galiza é mais uma das protagonistas. 

“… mais cedo secaria toda a terra do que permitiria a desolação dos seus e das estripes que estavam para vir.”

E porque não uma série televisiva? Espanha rural em 1845, os senhores do gado da Galiza contra os exploradores das minas de carvão. Brutal! Fico à espera.

Opinião: "A Casa entre os Pinheiros" de Ana Reyes

Quando um livro é recomendado pela Reese Witherspoon eu não resisto. Já percebi que os muitas das suas leituras estão em sincronia com as minhas, pelo que as recomendações que faz no seu Book Club são, para mim, quase uma garantia de que vou gostar do livro.

Como neste A Casa Entre os Pinheiros a sua opinião vinha mencionada na capa, logo o escolhi para ler a seguir. E à frase:

«Um thriller absolutamente impossível de largar»

acrescento apenas a palavra psicológico, pois é disso que se trata, um thriller psicológico

Existem pessoas que têm o dom de manipular os outros. Por artes e manhas inatas ou adquiridas, elas conseguem quase que hipnotizar as pessoas para que façam a sua vontade. Todos nós conhecemos alguém assim. Já para não falar das experiências levadas a cabo para controla da mente, que tão populares foram nos anos 50 / 60. Ora bem, a protagonista principal deste thriller foi vítima de um desses manipuladores, que conseguiu manipulá-la ao ponto de não conseguir reconhecer-se como vítima. Tudo aconteceu sete anos antes, e agora, ainda no rescaldo das consequências desse tempo, ela terá de voltar ao passado para poder seguir em frente.

Não sei qual foi o ponto de partida da autora para criar esta história, mas sinceramente gostava de lho perguntar. Teve de certo que investigar bastante sobre o tema, que confesso também é um tema que me suscita muita curiosidade - a manipulação da mente humana.

Não querendo revelar muito mais sobre a história, posso apenas dizer que se por vezes me pareceu um pouco inverosímil, é porque na verdade estas coisas nunca parecem ser passíveis de acontecer. Mas o facto é que acontecem.

E deixando o mistério no ar, não posso deixar de vos recomendar este livro.

Opinião: "Conduz o Teu Arado Sobre os Ossos dos Mortos" de Olga Tokarczuk

Esta é mais uma leitura para a minha lista de autoras às quais foram atribuídos o Prémio Nobel da Literatura. 

Olga Tokarczuk é uma escritora polaca nascida em janeiro de 1962, que ganhou o Nobel da Literatura de 2018. Para além deste, ela é detentora de outros grandes prémios, sendo reconhecida como uma das escritoras europeias da atualidade. É uma autora cujas obras incidem frequentemente em temas como a insignificância humana, a exaltação da Natureza e a defesa do irracionalismo.

Neste livro, Conduz o Teu Arado Sobre os Ossos dos Mortos, ela une os seus dois temas centrais, a exaltação da Natureza e a insignificância humana, transformando uma leitura aparentemente inócua num negro e interessante policial.

Para além da sua escrita fabulosa, tão contundente e viciante, ela constrói a história com base na personagem principal, Janina, uma mulher de meia-idade que mora perto da fronteira com a Chéquia. Janina é uma excêntrica solitária, que toma conta das casas de férias dos que só vêm no Verão. Ela é obcecada por Astrologia, e acérrima defensora dos Animais. Dá alcunhas aos seus vizinhos e habitantes da vila mais próxima, com quem mantém o contacto necessário. 

Quando um dos seus vizinhos mais próximos é encontrado morto, Janina acaba por ajudar um outro vizinho a vestir o corpo antes de chamar as autoridades. Até aí nada de especial. Só que nas semanas seguintes, mais homens acabam por aparecer mortos, deixando a polícia sem explicações. Nessa altura Janina chega-se à frente, afirmando que esses homens, todos caçadores desportivos, estão a ser mortos pelo próprios animais, como forma de vingança. Apesar de a considerarem louca, a verdade é que ela e os seus amigos é que acabam por solucionar os assassínios. A resposta, no entanto, não é a que se espera.

Uma leitura extraordinária, que me leva a querer ler mais obras desta autora. Recomendo.

Podem ler a sinopse completa, e até adquirir o livro no site da Wook » aqui.

Opinião: "O Clube de Leitura Antiguerra" de Annie Lyons

Este é daqueles livros que nos aquecem o coração. Passado numa época difícil para toda a gente (Londres, Segunda Guerra Mundial), o espírito de união e entre ajuda vem ao de cima, lembrando-nos de como o mundo funciona melhor se nos unirmos e nos colocarmos no lugar do próximo.

É mais uma história sobre essa época terrível, a Segunda Guerra Mundial. A ação desenrola-se nos subúrbios de Londres, e centra-se numa pequena comunidade cujas vidas vão ser interrompidas e afetadas pela guerra. No entanto desenganem-se se pensam que é um livro pesado e duro de ler. Não. A abordagem que a autora faz ao tema é refrescante. Apesar de por vezes triste, como não podia deixar de o ser, é acompanhado com um sentimento de esperança e força, pelo que se torna uma leitura bastante reconfortante.

Lágrimas foram vertidas, não o nego, mas pela pela humanidade e generosidade das personagens. Como vos disse no início, é uma leitura que nos aquece o coração. 

Para além disso, acaba por ser um livro que nos fala sobre livros e sobre o poder da leitura como arma para ultrapassar momentos difíceis. Adorei todas as referências a livros, não fosse afinal de contas, uma livraria como o centro de toda a ação.

É uma leitura que recomendo com todo o meu coração literário.

Em www.bertrand.pt

O clube de leitura do meu coração.

 
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